Uncategorized

COMO CRIAR UM FUTURO NÃO LINEAR EM SUA EMPRESA

O caso GMCR ajuda a entender como uma organização pode construir o futuro e seguir gerenciando o presente
é professor da Tuck School, consultor de 25% das empresas do ranking Fortune 500 e foi o primeiro consultor-chefe de inovação da GE. É autor de A Estratégia das Três Caixas (ed. HSM).

Compartilhar:

A Green Mountain Coffee Roasters (GMCR), do estado norte-americano de Vermont, era uma empresa de enorme sucesso no setor de torrefação e varejo de café dos EUA. No entanto, sabendo que o êxito não duraria para sempre, ela criou um futuro não linear para si. Como? Quando a startup Keurig bateu a sua porta pedindo uma reunião, não recusou. 

John Sylvan e Peter Dragone, ex-colegas de faculdade, conceberam a tecnologia da cafeteira Keurig em meados dos anos 1980, antes de a Starbucks se tornar sensação nos EUA. Sylvan fazia estágio em uma empresa de alta tecnologia na região de Boston, foi encarregado de preparar o café e notou o café medíocre ali coado em cafeteiras de vidro ou metal, que ficavam em estações de aquecimento até a bebida tostar e ficar amarga. As primeiras xícaras até saíam boas, mas o café perdia o frescor 20 minutos depois do preparo. 

Com a chegada da Starbucks, o sabor e o frescor do café ganharam outra importância para os norte-americanos. E Sylvan começou a imaginar como seria se houvesse a possibilidade de fazer uma xícara por vez, fresca, para consumo imediato, no escritório. Em 1992, ele e Dragone fundaram a Keurig, desenvolvendo protótipos funcionais para a cafeteira e para as cápsulas, mais tarde conhecidas como cápsulas K-Cup. No final de 1995, visitaram a GMCR e esta fez seu investimento inicial na Keurig em 1996. Ensinou à pequena empresa o caminho das pedras da compra e da torrefação dos grãos, bem como as variáveis envolvidas no preparo de uma excelente xícara de café, e colocou uma equipe sua trabalhando na Keurig como um experimento. Foi aumentando sua participação aos poucos e, em 2006, a GMCR detinha 100% da Keurig. Sua receita cresceu a uma taxa composta de 65% ao ano no período de 2006 a 2014, quando chegou aos US$ 4,7 bilhões, com a Keurig respondendo por cerca de 25% de todas as cafeteiras vendidas nos EUA. Tanto que, em 2014, a GMCR mudou o nome para Keurig Green Mountain, atingindo valor de mercado de US$ 26 bilhões. 

O que a GMCR fez com a Keurig foi uma mudança radical em seu negócio, com base em uma inovação de produto e de novo modelo de negócio, que atendeu a uma necessidade não explicitada pelo consumidor. O novo negócio se baseou em cinco novos princípios direcionadores: 

**• Uma xícara de café perfeita toda vez.** Foram eliminadas as variáveis

**• Uma experiência premium em café.** Com a instalação da cafeteira, a empresa criou receitas recorrentes com as cápsulas, de alta margem de lucro – como ocorre com as lâminas descartáveis dos barbeadores. 

**• Uma variedade de cafés para escolher.** Agora é oferecida uma ampla variedade de sabores e torrefações. Isso implicou acordos com vários torrefadores de café – o conceito da neutralidade de fornecedores –, em vez de só com um deles, como de costume. 

**• Facilidade excepcional de uso.** Criar cafeteiras e cápsulas que ocultam sua complexidade interna por trás de uma operação simples e agradável. Esse objetivo exigiu alto grau de expertise em engenharia. 

**• Terceirização das atividades intensivas em capital.** As principais tecnologias – design da cafeteira, design das cápsulas K-Cup e design da linha de embalagem – são da empresa, mas atividades como fabricação de cafeteiras e cápsulas e distribuição dos produtos são terceirizadas. Isso exigiu incentivos financeiros para os parceiros terceirizados, a fim de todos saírem ganhando. 

* Este artigo é baseado nos highlights do livro A Estratégia das Três Caixas, de Vijay Govindarjan (ed. HSM).

Compartilhar:

Artigos relacionados

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Gestão de Pessoas
Enquanto a Inteligência Artificial transforma setores globais, sua adoção precipitada pode gerar mais riscos do que benefícios.

Emerson Tobar

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Entenda como fazer uso de estratégias de gameficação para garantir benefícios às suas equipes e quais exemplos nos ajudam a garantir uma melhor colaboração em ambientes corporativos.

Nara Iachan

6 min de leitura
Finanças
Com soluções como PIX, contas 100% digitais e um ecossistema de open banking avançado, o país lidera na experiência do usuário e na facilidade de transações. Em contrapartida, os EUA se sobressaem em estratégias de fidelização e pagamentos crossborder, mas ainda enfrentam desafios na modernização de processos e interfaces.

Renan Basso

5 min de leitura
Empreendedorismo
Determinação, foco e ambição são três palavras centrais da empresa, que inova constantemente – é isso que devemos fazer em nossas carreiras e negócios

Bruno Padredi

3 min de leitura
Empreendedorismo
Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

Helena Prado

3 min de leitura
Liderança
Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Marcelo Nobrega

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Hora de compreender como o viés cognitivo do efeito Dunning-Kruger influencia decisões estratégicas, gestão de talentos e a colaboração no ambiente corporativo.

Athila Machado

5 min de leitura
ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura
Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura