Tive a oportunidade de participar em São Paulo do Agile Trends 2025, maior evento sobre gestão ágil do Brasil. Foram mais de 3.000 participantes explorando insights de palestras de diferentes empresas e workshops. Na ocasião, pude apresentar um case do setor de Óleo & Gás, no qual abordamos uma das temáticas mais debatidas no evento: Lean Portfolio Management, o LPM, abordagem que visa otimizar o valor entregue por meio da seleção, priorização e execução de iniciativas alinhadas à estratégia do negócio.
A apresentação desse case foi uma evolução do que apresentamos em outubro de 2024 em Washington no SAFe Summit, maior evento de ágil escalado do mundo. Nos eventos, vimos que os tópicos mais abordados foram LPM (Lean Portfolio Management), VMO (Value Management Office), mudanças no papel da liderança e Inteligência Artificial.
Sobre IA foram exploradas tendências em geração de conteúdo, além da automatização de tarefas e tomadas de decisão por meio de agentes de IA. Foram apresentadas novas ferramentas e dicas sobre como usá-las da melhor forma possível, incluindo formatos dos prompts que geram os melhores resultados. A principal mensagem é que a inteligência artificial se tornou peça fundamental para agilidade organizacional, mas sempre com o reforço de que o objetivo não é substituir as pessoas na geração de ideias, e sim trazer mais um “participante” para a mesa.
Nos debates sobre LPM e VMO, foi perceptível a evolução das empresas participantes na busca por garantir a conexão entre a estratégia organizacional e o que está sendo desenvolvido pelas equipes. Esse é o coração de uma gestão ágil de portfólio: como traremos uma discussão constante sobre estratégia para que isso direcione a prioridade dos times?
OKR (Objectives and Key Results) continua sendo o principal artefato adotado pelas empresas para conectar estratégia com operação. Porém, ainda existe um desafio comum de como conseguir refletir esta estratégia aos times: em alguns casos, os objetivos de negócio são tão estratégicos que as equipes de operação e desenvolvimento não se reconhecem. Por outro lado, a adoção de OKRs mais táticos pode gerar um grande esforço de atualização, além de não refletir a estratégia macro da organização. Percebemos também durante os eventos um aumento na maturidade para discussão de práticas de Lean Budgeting, situação em que as lideranças possuem maior autonomia e flexibilidade para endereçamento do orçamento conforme as prioridades do negócio.
Em função de tudo isso, o papel da liderança como “exemplo, direcionador, inspirador”, está cada vez mais evidente. Líder é aquele que consegue coordenar um time em prol de um objetivo comum, sendo necessário fazer uso de práticas como feedback constante, instrução e colaboração.
Nos contextos organizacionais complexos que vivemos, é preciso construir um ambiente de liberdade para os times gerarem experimentos, que possibilitem aprendizado. É necessário um ambiente seguro para falhar (“erro consciente”) e que considere indicadores específicos de inovação. Além disso, para sobreviver em ambientes de grandes transformações, é cada vez mais exigida a integração entre uma gama de capacidades que incluem inovação, agilidade, analytics, dados, IA e gestão da mudança. É aqui que a gestão ágil de portfólio demonstra seu principal diferencial.