Vamos começar este artigo com um ponto importante: crescer é diferente de amadurecer.
Quando trazemos essa máxima para o mundo dos negócios, essa distinção é ainda mais relevante, mas muitas vezes ignorada (e o preço da negligência pode ser alto). Não precisamos de muito esforço para encontrar uma enxurrada de notícias que mostram uma verdadeira corrida por uma expansão acelerada nas empresas e startups que quando descobrem tardiamente que o crescimento sem a devida maturidade da gestão pode levar a crises internas, perda de identidade e até mesmo ao colapso de estruturas antes promissoras, pode ser tarde demais.
Mas por que isso acontece com mais frequência do que gostaríamos?! Simples: porque muitos empreendedores e empresários confundem o crescimento rápido com sucesso sólido, tornando-o, na verdade, uma armadilha para o desenvolvimento do negócio.
Lidando todos os dias com as maiores lideranças do país, entendo que a pressão de investidores que cobram tração, dos mercados que exigem relevância e dos fundadores que se embriagam com números ascendentes pode ser fator de complicação para focar na busca por escala, faturamento e market share a todo custo. Mas isso não pode ser encarado como o melhor meio de gerir uma empresa sustentável.
Esse crescimento desordenado frequentemente oculta fragilidades de gestão que podem provocar estragos irremediáveis, como processos improvisados, lideranças despreparadas, cultura desalinhada e falta de governança.
É aqui que a maturidade se torna a peça chave. Aplicada na gestão, a maturidade não é apenas sobre ter processos bem definidos. Trata-se de uma combinação entre visão estratégica, cultura organizacional sólida, líderes preparados, capacidade analítica e flexibilidade para adaptar modelos de negócio em ambientes incertos.
Ser um líder com uma gestão madura implica, muitas vezes, em saber dizer “não”, revisar decisões, delegar com responsabilidade, medir com consistência e, acima de tudo, saber ouvir o time e aprender continuamente. É, portanto, uma competência sistêmica que afeta desde a tomada de decisões até a execução cotidiana.
Quando você, líder, para por um momento, sai do modo automático e consegue identificar sinais de alta rotatividade de pessoas-chave; falta de clareza nas responsabilidades e processos; tomadas de decisão centralizadas em excesso ou totalmente dispersas; falhas em entrega e na experiência do cliente; e cultura organizacional fragmentada ou inexistente, sinto lhe informar, mas o crescimento e a maturidade de gestão estão em completo descompasso.
Não é necessário entrar em pânico, pois é possível crescer e amadurecer ao mesmo tempo, mas isso exige intencionalidade. Portanto se debruce em criar estratégias de desenvolvimento organizacional, programas de liderança, diagnóstico de maturidade, revisão de estrutura e gestão de mudanças para que crescimento e maturidade caminhem lado a lado.
Afinal, crescer é fácil quando há demanda e capital. O difícil é sustentar esse crescimento sem perder o controle e, o mais importante, sem se desvincular da alma da empresa.