Empreendedorismo, Gestão de pessoas

Executivos descrentes, colaboradores confusos e estratégias falhas: é preciso organizar a “casa”

A efetividade das estratégias empresariais é frequentemente comprometida pela falta de alinhamento, comunicação e priorização, resultando em descrença e baixa implementação, com apenas 3% dos executivos confiando no sucesso das suas estratégias.
Athila Machado é cofundador da Mereo, HRTech focada em gestão de performance, talentos, reconhecimento e recompensa.

Compartilhar:

Cenários dinâmicos, marcados por desafios e pela constante necessidade de redefinir estratégias, acompanham líderes corporativos no seu dia a dia. E, certamente, tiram o sono também. De um lado, estratégias traçadas e dinheiro investido. De outro, descrença quase total no que está sendo proposto. Os dados comprovam: apenas 3% dos executivos acreditam no sucesso das estratégias da empresa, e só 5% dos colaboradores entendem seu papel na estratégia da empresa. Em 90% dos casos, as estratégias das companhias falham em razão da baixa implementação, e mais de 60% dos colaboradores não sabem onde as empresas querem chegar e porquê.

Os dados, revelados pela Harvard Business Review (2015), mostram um cenário obscuro, para não dizer desastroso, dentro das companhias mundo afora. São números inquietantes, especialmente porque são justamente os executivos os responsáveis pela definição de estratégias e orçamentos.

Tenho algumas hipóteses para a descrença do alto escalão:

– Excesso de otimismo no momento do planejamento, tendo em vista os recursos vigentes;

– Planejamento sem embasamento em fatos e dados, baseado apenas em sentimentos;

– Medo de mostrar a realidade vigente no momento do planejamento, ou de uma possível falta de recursos relacionada a pessoas, produtos e processos.

E, assim, fecha-se um ciclo todo justificando o não atingimento dos resultados. Todos perdem. Mas, qual o impacto disso na vida dos gestores?

No primeiro momento, ao olharem a falta de efetividade nas iniciativas propostas fica uma sensação de fracasso, mas o grande problema o qual presenciei é que essa sensação se dilui tornando-se normal com o passar do tempo, entrando na rotina. Quando esse comportamento se torna rotina, ocasiona-se a ineficácia das estratégias definidas citadas na pesquisa.

Temos, assim, que ressaltar como parte da solução para a baixa eficácia das estratégias alguns fatores:

__1.__ Alinhamento dos esforços da empresa com os esforços de cada gestor – Quando se há o alinhamento desses esforços, temos então um caminho mais assertivo para os resultados. O trabalho coletivo é evidentemente praticado e observa-se frequentemente a expressão “todos estamos no mesmo barco”.

![Garantir resultado – Athila](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/khGdmnMvkf97O70iv8Oi3/8cdedcbf702fe3adc27263f2cde47ce0/Imagem1.png)

__2.__ Priorização para garantir o resultado – Segundo pesquisa da Northwestern University School of Management (Strategy – Stop Chasing too many priorities by Paul Leinwand and Cesare Mainardi, 2011), realizada com 1.800 executivos globais, mostrou que, à medida que a lista de prioridades estratégicas cresce, o crescimento da receita diminui. Criar inúmeros projetos e definir dezenas de indicadores traz uma falsa sensação de realização e produtividade. Priorizar sempre foi a chave de um acompanhamento de sucesso.

![Iniciativas Athila Macedo](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/2nr3jYHxSWMLonP37kFdp1/8417eab5ca028151a13db3e12d4aa775/Imagem2.png)

__3.__ Comunicação como fator de engajamento – Sim, comunicação, novamente ela. Não deixamos de ouvir nas organizações “foi falta de comunicação”, “o problema é a falta de comunicação entre os setores” ou “não temos um fluxo de comunicação efetivo”. A comunicação das estratégias de forma clara traz o entendimento, e a constância traz o engajamento. Entender a estratégia estabelecida já é um grande passo, mas o engajamento das pessoas nessa estratégia é o que vira o jogo.

![Comportamento no cliente](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/40Il63tXiSulijl9ErjquX/d8bc01415422cf01c11d6bdfa533c461/Imagem3.png)

Conforme explica William Deming, “não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”.

Assim, nota-se que definir corretamente o que se medir e, principalmente, o porquê medir vai auxiliar aos gestores no que geralmente falham no momento de definir os objetivos certos.

Para além de gestores motivados e alinhados aos valores da companhia, é essencial uma gestão estratégica de pessoas, atividade exercida por esses mesmos atores.

É tarefa dos líderes criar estratégias para manter a equipe comprometida e motivada, elevando a cultura organizacional na gestão de pessoas. Realizar esse tipo de estratégia garante a vantagem competitiva além de facilitar o atingimento de metas.

Planejamento e estratégia requerem tempo, esforço e investimento. Eles são norteadores para que as ações a serem realizadas durante um período determinado estejam alinhadas ao propósito organizacional.

Ou seja, estabelecem as atividades do presente considerando seu impacto futuro. Como consequência, facilitam também a rápida identificação de desvios de rota para que sejam corrigidos rapidamente sem causar maiores danos ao processo de alcance dos objetivos, o que dá suporte para a empresa administrar melhor o tempo, recursos e esforços dos times.

Ter um bom planejamento estratégico é o caminho mais seguro para ter uma visão clara da empresa, da sua identidade e dos seus objetivos, além de ajudar a antecipar os riscos na tomada de decisões a curto e longo prazo.

Além disso, promove o alinhamento entre todos os times e estimula o comprometimento e motivação dos colaboradores para atingirem suas metas. Como resultado, a organização alcança a alta performance e obtém os melhores resultados. E, claro, com executivos sempre trabalhando com metas realistas, sem excesso de otimismo e emoção.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura