A comemoração do 120º aniversário de Deng Xiaoping, o arquiteto da reforma e abertura da China, aconteceu neste ano de 2024, no dia 22 de agosto. Esse marco destacou sua contribuição para o rejuvenescimento do país.
No final da década de 1970, Deng concluiu que a China precisava utilizar capital não estatal (social) e capital estrangeiro como complemento ao capital estatal. Assim, “reforma” refere-se à incorporação de capital não estatal, enquanto “abertura” diz respeito à aceitação de capital estrangeiro.
Durante as últimas quatro décadas de reforma e abertura, o crescimento econômico e as transformações sociais da China foram fenomenais, um fenômeno que John Van Fleet, acadêmico da Universidade Jiaotong de Xangai, descreve como “Primeira Vez na História”.
O produto interno bruto (PIB) da China cresceu de US$ 150 bilhões em 1978 para cerca de US$ 17,8 trilhões em 2023, tornando-se a segunda maior economia do mundo. O volume de comércio da China expandiu-se 467 vezes, de US$ 14,7 bilhões em 1977 para US$ 6,9 trilhões em 2022. Além dos números econômicos, as transformações da China foram profundas em outros aspectos. Em 2020, o país eliminou oficialmente a pobreza absoluta, tirando cerca de 800 milhões de pessoas da miséria, conforme a definição do Banco Mundial. A expectativa de vida passou de 35 anos em 1949 para 79 anos em 2022. E os exemplos não param por aí.
Na minha perspectiva, o que torna as últimas quatro décadas da China excepcionais pode ser atribuído a vários aspectos:
- Tamanho e Complexidade: A China, com seus 1,4 bilhão de habitantes e diversidade geográfica, faz de qualquer iniciativa um grande desafio.
- Ajuste Fundamental em Ideologia Política e Econômica: O país adotou um modelo de propriedade corporativa composto, que inclui empresas estatais, privadas e estrangeiras. Esse modelo é intrinsecamente complexo e dinâmico, e manter um equilíbrio eficaz dentro de um sistema tão vasto e intricado está longe de ser simples.
- Globalização e Participação da China: O envolvimento da China no processo de globalização foi significativo, com fluxos de mercadorias em uma escala nunca antes vista na história. Como a “fábrica do mundo”, a China esteve no centro desse processo. Os investimentos diretos estrangeiros também foram substanciais, com grandes volumes fluindo para o país. Essa conectividade internacional foi sem precedentes.
- Qualidade Intrínseca das Mudanças: A China passou de um fabricante de baixo custo com pouca preocupação ambiental para um produtor de produtos sofisticados e um contribuinte para a proteção ambiental. Amplamente conhecida como uma imitadora há algumas décadas, a China agora é vista como uma nação inovadora, abrigando laboratórios de P&D tanto de empresas chinesas quanto estrangeiras. Marcas chinesas, antes consideradas de baixa qualidade, ganharam popularidade significativa. Enquanto poucas pessoas na China podiam viajar para o exterior há algumas décadas, mais de 87 milhões de chineses viajaram internacionalmente em 2023.
Essas mudanças ocorreram em estágios, e os chineses avançaram por esses estágios com velocidade e intensidade impressionantes.
Gerir a transformação de um país tão grande e complexo enquanto buscava uma nova abordagem em um contexto global em rápida mudança tornou a transformação da China um genuíno “Primeira Vez na História”.