Vale oriental

Oportunidades promissoras

A nova globalização coloca a China no epicentro da geopolítica – e isso pode render bons negócios para os países que já mantêm relacionamento comercial com a potência asiática
Edward Tse é fundador e CEO da Gao Feng Advisory Company, uma empresa de consultoria de estratégia e gestão com raízes na China.

Compartilhar:

Diante de conflitos e sanções geopolíticos atuais, corporações multinacionais precisam enfrentar flutuações de curto prazo e ao mesmo tempo ter uma visão bem-informada e confiável do quadro mais amplo.

Devido ao importante papel da China nas questões internacionais como segunda maior economia e potencialmente maior mercado do mundo, o país se torna uma âncora em meio às incertezas globais, como parceira comercial de muitos países e epicentro de muitas cadeias de fornecimento globais. Desde 2013, a China se tornou a maior parceira comercial da União Europeia, dos Estados Unidos e de seus vizinhos na Ásia. Os fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE) do país são agora os maiores do mundo, e o acesso das empresas estrangeiras a ele é ainda mais amplo. Apesar do impacto da covid-19, as entradas de IDE na China cresceram para US$ 163 milhões em 2020, em comparação com US$ 134 bilhões nos EUA.

Com sua capacidade cada vez maior de definir novos caminhos de inovação, é improvável que o papel da China nos negócios e no comércio global diminua, mesmo diante de eventos extremos imprevistos. Por isso, a política interna da China com foco em inovações tecnológicas deve mudar estruturalmente os padrões de negócios e comércio global daqui para frente.

No entanto, apreensões de algum grau de dissociação e sanções podem complicar as cadeias de fornecimento globais. Em um futuro próximo, novos arranjos globais provavelmente gerarão novos padrões nas supply chains. No entanto, a dissociação total da China é altamente inconcebível.

A globalização pode entrar em uma nova era. A China agora se esforça para garantir que a demanda e a oferta doméstica se reforcem, enquanto continua a visar o comércio externo. Essas mudanças de ênfase serão os principais impulsionadores da globalização daqui para frente.

A China busca sua própria forma de modernidade, com características chinesas, que combinam pensamento chinês e não chinês, coletivismo e individualismo, ideologia e pragmatismo. É inclusivo por natureza e ainda permite a experimentação. Atingir esses objetivos levará tempo e exigirá estabilidade, foco estratégico e moderação, e levará a China a desempenhar um papel mais importante na economia mundial. Além disso, a chave para qualquer estratégia sólida é a capacidade dos líderes de desenvolver uma visão estratégica do futuro.

Em meio à atual turbulência global, as corporações multinacionais precisam estar vigilantes e ser capazes de visualizar o papel da China no mundo daqui para frente. Um número crescente deles está percebendo que sua estratégia global precisa ter a China em seu centro na nova era.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura
ESG
Em um mundo de conhecimento volátil, os extreme learners surgem como protagonistas: autodidatas que transformam aprendizado contínuo em vantagem competitiva, combinando autonomia, mentalidade de crescimento e adaptação ágil às mudanças do mercado

Cris Sabbag

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Geração Beta, conflitos ou sistema defasado? O verdadeiro choque não está entre gerações, mas entre um modelo de trabalho do século XX e profissionais do século XXI que exigem propósito, diversidade e adaptação urgent

Rafael Bertoni

0 min de leitura
Empreendedorismo
88% dos profissionais confiam mais em líderes que interagem (Edelman), mas 53% abandonam perfis que não respondem. No LinkedIn, conteúdo sem engajamento é prato frio - mesmo com 1 bilhão de usuários à mesa

Bruna Lopes de Barros

0 min de leitura
ESG
Mais que cumprir cotas, o desafio em 2025 é combater o capacitismo e criar trajetórias reais de carreira para pessoas com deficiência – apenas 0,1% ocupam cargos de liderança, enquanto 63% nunca foram promovidos, revelando a urgência de ações estratégicas além da contratação

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O SXSW revelou o maior erro na discussão sobre IA: focar nos grãos de poeira (medos e detalhes técnicos) em vez do horizonte (humanização e estratégia integrada). O futuro exige telescópios, não lupas – empresas que enxergarem a IA como amplificadora (não substituta) da experiência humana liderarão a disrupção

Fernanda Nascimento

5 min de leitura
Liderança
Liderar é mais do que inspirar pelo exemplo: é sobre comunicação clara, decisões assertivas e desenvolvimento de talentos para construir equipes produtivas e alinhada

Rubens Pimentel

4 min de leitura
ESG
A saúde mental no ambiente corporativo é essencial para a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, exigindo ações como conscientização, apoio psicológico e promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.

Nayara Teixeira

7 min de leitura
Empreendedorismo
Selecionar startups vai além do pitch: maturidade, fit com o hub e impacto ESG são critérios-chave para construir ecossistemas de inovação que gerem valor real

Guilherme Lopes e Sofia Szenczi

9 min de leitura
Empreendedorismo
Processos Inteligentes impulsionam eficiência, inovação e crescimento sustentável; descubra como empresas podem liderar na era da hiperautomação.

Tiago Amor

6 min de leitura