Uncategorized

Os ‘pop stars’ do propósito e suas ideias inspiradoras

Até onde os influenciadores estão realmente ajudando na empreitada do propósito? Será que isso é sustentavelmente benéfico para nossa sociedade?
Fundador e CEO da Motivare, com mais de 30 anos de exepriência na área de Marketing. Autor do livro "Marketing sem blá-blá-blá: inspirações para transformação cultural na era do propósito".

Compartilhar:

Eu costumo dizer que nossa sociedade está carente de inspiração. Parece até contraditório ressaltar isso em um mundo hiperconectado, com as redes sociais abarrotadas de influenciadores. Entendo e respeito o papel desse importante grupo, porém critico sua hipervalorização e mesmo sua nomenclatura. Não gosto do termo “influencer”, pessoas precisam ser inspiradas, nunca influenciadas.

E mais, em um momento em que se fala muito de propósito, somos, de fato, tocados ou inspirados? A verdade é que, hoje, a internet acelerou e perpetuou o conceito “snak culture” – onde falamos de tudo, mas não nos aprofundamos em nada – e, infelizmente, a maioria dos planos e ações de marketing tem se limitado a esse “approach”.

Não nego que os influenciadores têm o seu valor. Eles desempenham um papel importante na era do marketing digital, sendo uma peça-chave para as campanhas e acredito que suas vozes são ouvidas e “seguidas”, exatamente por atingirem nichos específicos de audiência com o tom de mensagem correto. Todavia, é inegável o cuidado que devemos ter ao transformá-los em protagonistas de temas que não são de sua expertise.

O ponto é que estamos órfãos de inspiradores. O que eu estou querendo dizer é que o influenciador pode fazer, sim, barulho para uma determinada marca, mas não é responsável por firmar o propósito que ela defende e levanta. É preciso ficar claro a diferença entre influenciar e inspirar, mesmo que, muitas vezes, a linha pareça ser tênue.

Compreendo que o influenciador deve ser um potencializador, e não ser visto como a mensagem em si. Já as marcas, precisam ser inspiração para o seu mercado, existir para e por um propósito. Cabe a nós, portanto, profissionais do Marketing, fazer essa virada de chave, de forma coerente e autêntica. Precisamos ter a coragem de se reinventar.

Para abrir minha cabeça nesse processo de reinvenção, tenho ido atrás de novos ídolos. Portanto, te questiono: quem te inspira? Sugiro que você, da área do Marketing, abra o espectro de suas leituras habituais ou mesmo faça um giro pelas ruas de sua cidade. Ouso dizer que irá se surpreender com as histórias inspiradoras adormecidas que existem por aí.

No meu caso, tenho uma bela coleção de novas histórias. Os protagonistas dessas histórias são o que eu chamo de pop stars do propósito e carregam consigo uma bagagem de ideias catalisadoras e disruptivas. São pessoas que estão na linha da frente de alguma causa e se mobilizam para mudar a sociedade e sua comunidade. Suas ações são capazes de incentivar, impulsionar e inspirar crianças, jovens e adultos a alcançarem o seu potencial e a se tornarem também agentes de mudanças. Em sua maioria, não são pessoas que nasceram na mídia, mas que ganham notoriedade em prol de algo maior, como a educação, os direitos humanos, o direito das mulheres e de pessoas negras.

Histórias como a de Malala Yousafzai, Muhammad Yunus, Boyan Slat, Oliver Percovich, Jessica O. Matthews, Bart Weetjens, Frank Hoffmann, Bill Drayton, Wellington Nogueira, David Herz, Celso Athayde e de tantos outros são alguns dos exemplos que os marqueteiros precisam ter no radar. E que histórias incríveis, não?

Se não conseguirmos nos inspirar com ideias tão simples e, ao mesmo tempo, inusitadas, como mulheres cegas detectando câncer de mama com maior precisão que caríssimos equipamentos tecnológicos, ratos identificando com seu olfato minas terrestres e o vírus da tuberculose, ou uma bola de futebol gerando energia para residências em favelas… está definitivamente na hora de pendurarmos as nossas chuteiras.

Devemos, como profissionais de marketing, entender como explorar o poder das histórias inspiradoras e nos posicionar como verdadeiros game changers, cocriando com pop stars desse perfil e quilate iniciativas eficientes para as marcas, mas acima de tudo, que inspirem as pessoas a serem proativas na transformação cultural do planeta e da sociedade.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura