Empreendedorismo
4 min de leitura

Prevendo o imprevisível?

Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Compartilhar:

Segunda-feira, 19 de outubro de 1987, também conhecida como “Black Monday”: um dia quando as bolsas de valores globais despencaram, lideradas pelo Índice Standard & Poor’s (S&P) 500 e pelo Dow Jones Industrial Average (DJIA) nos EUA. Somente uma reação rápida do Federal Reserve Bank dos EUA permitiu que os mercados se estabilizassem nas semanas seguintes.

Seria este um evento previsível? Alguns sinais de alerta eram semelhantes em pontos de inflexão anteriores. O crescimento econômico havia desacelerado enquanto a inflação estava dando as caras. O dólar forte estava pressionando as exportações dos EUA.

Mas houve também um fator tecnológico que impactou fortemente neste evento: o uso de negociação computadorizada e ordens “stop-loss” automatizadas. Visando reduzir riscos, inadvertidamente, elas acabaram criando pânico quando os preços das ações começaram a cair. Conclusão: a aceleração das liquidações demonstrou os perigos de depender muito de uma tecnologia emergente sem supervisão humana suficiente.

A sua “Black Monday” pode ser um momento em que as coisas não saem como planejado. Ou até mesmo quando eventos que parecem mais improváveis como ataques terroristas, guerras, desastres naturais e pandemias se tornam mais comuns, suficientemente frequentes para entrarem no seu mapa de riscos organizacionais.

Mas como você tem avaliado as consequências “não intencionais” de sinais ou tendências, e suas decisões estratégicas tomadas a partir disto? Como desvendar os pontos frequentemente escondidos por trás de transformações aparentemente brilhantes? Assim como a tecnologia por trás da “Black Monday”, muitos líderes erram o alvo em consequências não intencionais que, embora simples, são muito caras.

O efeito colateral da inovação

Um caso bastante conhecido é o da Coca-Cola, em 1985, quando a multinacional conheceu o seu fracasso completo com o lançamento da New Coke. Para competir com a Pepsi, a empresa tentou atualizar seu produto principal com um sabor mais doce. Mas a mudança levou a uma reação negativa em massa, já que os consumidores preferiram fortemente o sabor original. Com a queda nas vendas, a Coca-Cola teve que trazer de volta a fórmula original como “Coca-Cola Classic”.

Escolher a eficiência hoje às custas da sustentabilidade de amanhã.

A crescente adoção da automação orientada por inteligência artificial (IA) tem gerado grandes avanços na produtividade. No entanto, como nos preparamos para os possíveis impactos negativos dessa transformação, como decisões tendenciosas ou outros erros causados pela falta de supervisão?

Em um momento em que muitas organizações estão no processo de planejamento anual, o maior desafio não é apenas compreender as tendências do mercado, mas também prever suas implicações. É preciso ir além da análise de tendências e considerar suas “sombras”, ou seja, os efeitos colaterais que podem surgir no futuro. Combine análise de tendências com planejamento de cenários e simule diferentes futuros possíveis para se preparar para uma variedade de impactos – tanto positivos, quanto negativos. E faça isso usando da inteligência coletiva, em um processo colaborativo, trazendo diversidade de perspectivas para enriquecer as conversas.

Na urgência pela decisão, pela pressão da execução, o pensamento crítico e a dedicação de tempo para refletir tem sido, muitas vezes, recursos subutilizados. Será que ainda temos tempo para sair desta armadilha até entrarmos em 2025?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura