Estratégia e Execução

Segue o flow

Comece exercitando entre 90 e 120 minutos em estado de concentração e vá puxando suas metas em 4%

Compartilhar:

Você já viveu uma experiência em que cinco horas pareceram passar em cinco minutos, de tão engajado que estava em sua tarefa?  Se sim, você pode dizer que já atingiu ao menos uma vez o“flow”, um estado de consciência em que ação e pensamento se fundem, e a pessoa simplesmente “flui”, atingindo o máximo de produção física e mental sem fazer muito esforço, sem estresse nem ansiedade. Trata-se de uma experiência tão poderosa que, antigamente era considerada mística, como observa o jornalista Steven Kotler, hoje diretor-executivo do Flow Research Collective e autor de um livro sobre o assunto, Roubando o fogo. 

Um expediente de trabalho inteiro em flow é o sonho de produtividade de qualquer pessoa (e empresa). É possível atingir o flow com frequência, mas não é algo tão comum de acontecer. Foi o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi quem trouxe o “flow” à luz recentemente. A seu pedido, milhares de indivíduos, de escultores a operários registraram seus sentimentos ao longo de um dia de trabalho, como em um exame holter de medir pressão arterial. O que ele observou foi que, sempre que as pessoas empregavam plenamente suas capacidades para atingir um objetivo, entravam num modus operandi diferente, como se tivessem uma fonte de energia ilimitada, que batizou de flow. Mais ainda, Csikszentmihalyi descobriu que elas faziam isso quando perseguiam metas que lhes exigiam aumentar as capacidades.

Entrar em estado de flow tem a ver com metas esticadas, portanto, mas não depende apenas disso. Na HSM Expo 2019, onde Steven Kotler falou a respeito, ele listou 22 “gatilhos” de flow ao todo. Eis alguns exemplos: substâncias químicas (o que nem ele nem HSM Management recomendam); feedbacks imediatos (do gestor, do cliente ou de outras pessoas); a existência de equilíbrio entre capacidades e desafios; autonomia para fazer as coisas a seu modo; exercitar a concentração no momento presente. “É preciso maximizar a concentração das pessoas”, repetiu Kotler com insistência, acrescentando que, por isso, os escritórios abertos devem ser extintos das empresas. Não é uma concentração indefinida, naturalmente. Ele propõe começar com 90 minutos e tentar ampliar para 120. 

E se Kotler tivessse de escolher um único impulsionador de flow? Seria a esticada constante de metas, que ele propõe de 4% a cada vez. Kotler conta que testou isso consigo mesmo, em seu ofício de escrever livros, e garante que dá certo: ele escrevia 500 palavras por dia e foi subindo de 4% em 4%, chegando ao patamar de 700 palavras e depois a 1.000 palavras. 

E o flow de equipes? Paul Zak, fundador do Centro de Estudos de Neuroeconomia da Claremont Graduate University, propõe um programa de intervenção de três a 12 meses em equipes. A base é: o líder deve aumentar a produção do hormônio oxitocina nas pessoas, demonstrando que se importa com elas, abrindo-se para elas, reconhecendo-as etc.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura