Uncategorized

Sua empresa entende como será o futuro do trabalho?

Para garantir lugar ao sol, é preciso atrair e reter as pessoas mais talentosas – focar o indivíduo e não mais o grupo é só um dos desafios
é professora de prática de gestão e diretora de educação executiva na London Business School.

Compartilhar:

Como recrutar profissionais talentosos que garantam o futuro de sua empresa? Essa é a grande questão das organizações atuais diante dos desafios que o futuro do trabalho já começa a impor, em todos os países. 

Arrisco dizer que há um tripé fundamental para blindar a empresa para o futuro do trabalho: investir pesado em diversidade, criar relacionamentos adulto-adulto e construir as próprias práticas. 

**INVESTIMENTO EM DIVERSIDADE**

Em primeiro lugar, é preciso considerar que [o papel da diversidade nas corporações](https://revistahsm.com.br/post/ambiente-inclusivo-de-onde-veio) está mudando radicalmente. Por exemplo, foi-se o tempo em que, no quesito gênero, simplesmente se ticava “masculino” ou “feminino”. Lidar com a diversidade está se tornando parte essencial da estratégia de contratação e retenção. 

Não há dúvida de que a diversidade de gênero será chave para o sucesso futuro de qualquer organização, bem como a diversidade de idade. Sim, a longevidade humana é cada vez maior e a necessidade de as pessoas trabalharem até mais tarde também se impõe. 

Outra tendência sociológica significativa a ser enfrentada pelas empresas é que a maioria das mulheres – e das mães – já está no mercado de trabalho. 

Apesar disso, a unidade familiar estereotípica nas empresas ainda é a do homem totalmente dedicado ao trabalho, enquanto a mulher cuida da família. 

A realidade é, cada vez mais, outra: a maioria dos homens e mulheres tenta equilibrar trabalho e casa com carreiras híbridas, e esse equilíbrio pode ser difícil e estressante – o que vai obrigar as empresas a lidar bem com ele. 

**RELACIONAMENTOS ADULTO-ADULTO** 

Os empregadores também devem ter em mente o valor crescente que as [pessoas talentosas](https://revistahsm.com.br/post/a-identificacao-de-talentos-em-uma-era-disruptiva) associam a elementos intangíveis de seu pacote geral de benefícios. 

Claro, recompensas tangíveis – salário justo e compatível, assistência médica, aposentadoria, bônus – ainda importam, mas os intangíveis estão se tornando fundamentais. 

Podem se manifestar no desenvolvimento de habilidades de funcionários de modo que eles continuem produtivos e cresçam, na flexibilidade que permite ter uma vida saudável ou na oportunidade de construir redes de relacionamento diversificadas que os ajudem a lidar com as mudanças no cenário profissional. 

Entender melhor como e por que as pessoas trabalham tem um impacto fundamental no contrato psicológico entre indivíduo e organização. 

Acredito que estamos no meio da transição de um contrato tradicional pai-filho, vigente no meio corporativo, para um adulto- -adulto. 

Isso exige que as empresas tratem os colaboradores como adultos quanto ao tipo de vida que querem e quanto ao que acham importante e significativo. 

Em parte, o relacionamento pai-filho era mediado por bens tangíveis: “Eu pago e você faz o que eu quero”. Agora que as pessoas estão interessadas em benefícios intangíveis, todo líder tem de perguntar se a organização realmente apoia os funcionários na construção de seus recursos intangíveis ou se apenas os mantém. 

É importante notar que recursos tangíveis e intangíveis assumem um valor diferente para cada pessoa. 

Ganhar mais permite aposentar-se mais cedo, porém recursos intangíveis criam a oportunidade de trabalhar por mais tempo – e, em uma era de longevidade, é isso que muitas pessoas vão precisar fazer. 

**AS PRÓPRIAS PRÁTICAS**

Em tese, pequenas empresas oferecem flexibilidade, enquanto corporações preferem homogeneidade e previsibilidade, pois é mais fácil gerir práticas de recursos humanos se elas são criadas para grupos e não para atender às necessidades de um indivíduo. Certo? Não necessariamente. 

Algumas grandes empresas estão se esforçando para ser mais responsivas a indivíduos. Às vezes, porque isso faz parte de seus princípios fundadores; em outras ocasiões, porque o líder puxa esse debate; em certos casos, porque o capital humano é mesmo o bem mais importante. 

As [melhores práticas](https://revistahsm.com.br/post/a-magia-do-olho-no-olho) entre as pequenas empresas podem inspirar as grandes, mas o caminho tende a ser bem mais complicado para as segundas. 

Por isso, o foco deve ser menos em importar “melhores práticas” e mais em desenvolver algo internamente que funcione especificamente para cada empresa – em vez de “melhores práticas”, “as próprias práticas”. 

**MUDANÇA DE ATITUDE**

A maioria dos gestores certamente será rápida para entender como essas ideias se aplicam bem a seus talentos. No entanto, fazer acontecer não é tão fácil; costuma exigir uma mudança de atitude profunda – questões de idade e de gênero são exemplos óbvios dessa dificuldade. 

Uma mudança de atitude fundamental já é vista na forma como o mercado de trabalho funciona. 

As pessoas entenderam que currículos tradicionais são uma ferramenta limitada de recrutamento; hoje é muito mais fácil conhecer a reputação de um indivíduo e o que ele faz graças ao big data e às mídias sociais, o que permite às corporações recrutar uma gama muito mais diversa de pessoas. 

Descrições de cargo também saíram de moda. Na maioria das organizações, tarefas e projetos são tão importantes quanto os cargos, devido ao foco nas competências – a combinação específica de atitudes e valores que a empresa valoriza, somados a algumas habilidades específicas. 

A necessidade cada vez maior de focar o treinamento on the job e de investir no aprendizado de longo prazo também são imperativos claros.

Parte desse aprendizado será facilitada com os recursos digitais, mas boa parte dele ainda se valerá da interação cara a cara para construir as habilidades de indivíduos e desenvolver seu conhecimento. 

Quem pagará essa conta? A pergunta já está no radar de tomadores de decisão em todos os níveis. 

Certamente os governos terão de arcar com o maior percentual – precisarão levar em conta o desenvolvimento das pessoas pela vida inteira e remanejar investimentos em educação de acordo com isso, em vez de colocar todos os recursos na educação no início de vida. 

Mas não importa só o pagador; também é preciso oferecer flexibilidade para trabalhadores estudarem. (E isso cabe mais claramente às empresas, não?) Creio que a flexibilidade não será um privilégio incomum: será reconhecida como vital e normal – em termos diários, semanais e anuais. 

Tudo o que foi descrito aqui nos leva a um dos mais profundos desafios na compreensão do futuro do trabalho: como podemos descobrir o que os seres humanos realmente querem e, tão importante quanto, o que podem fazer? 

Há desafios imensos à frente, sem dúvida, mas sou otimista de que nossa vida profissional futura focará as oportunidades para muita criatividade e crescimento pessoal.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Finanças
Com soluções como PIX, contas 100% digitais e um ecossistema de open banking avançado, o país lidera na experiência do usuário e na facilidade de transações. Em contrapartida, os EUA se sobressaem em estratégias de fidelização e pagamentos crossborder, mas ainda enfrentam desafios na modernização de processos e interfaces.

Renan Basso

5 min de leitura
Empreendedorismo
Determinação, foco e ambição são três palavras centrais da empresa, que inova constantemente – é isso que devemos fazer em nossas carreiras e negócios

Bruno Padredi

3 min de leitura
Empreendedorismo
Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

Helena Prado

3 min de leitura
Liderança
Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Marcelo Nobrega

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Hora de compreender como o viés cognitivo do efeito Dunning-Kruger influencia decisões estratégicas, gestão de talentos e a colaboração no ambiente corporativo.

Athila Machado

5 min de leitura
ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura
Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura