Ferramenta essencial para as empresas melhorarem o quadro de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) tem sido negligenciado por importantes companhias, um indicativo preocupante. Recentemente, realizamos na Mereo uma pesquisa junto a 113 clientes (47% deles de grande porte), de 41 segmentos diferentes, e detectamos que 60% das companhias avaliadas têm PDIs cadastrados.
Apesar do aumento da base de clientes da Mereo de 2022 para 2023, o percentual de companhias que cadastrou PDIs caiu de 62% para 58%. Isso indica que, embora a base tenha crescido, o engajamento com uso do PDI diminuiu, sugerindo a necessidade de reavaliar as estratégias para incentivar o uso dessa ferramenta.
Uso de PDIs nas companhias (%)
Fonte: Mereo (2024)
Importante frisar que o PDI é uma ferramenta utilizada por empresas e profissionais para mapear competências, habilidades e metas de desenvolvimento de um colaborador. Ele é composto por objetivos de curto, médio e longo prazo, bem como ações específicas para alcançar esses objetivos, como treinamentos, cursos, experiências e mentoria. O plano visa alinhar o crescimento pessoal e profissional do indivíduo com as necessidades da empresa, promovendo o desenvolvimento contínuo e uma trajetória de carreira mais planejada e estruturada.
Nossa pesquisa também traçou o status do PDI nas organizações, e o que se vê é que em apenas 20% delas foi executado, em 49% ficou atrasado e 2% foi cancelado. Talvez você esteja se perguntando: se é uma ferramenta tão importante, por que tem sido tão negligenciada dentro das companhias? Ouso inferir que as principais razões pelas quais as empresas têm negligenciado o PDI estão relacionadas à falta de habilidades gerenciais, foco desalinhado, a ausência de indicadores claros e de engajamento e a falta de uma cultura de desenvolvimento contínuo. Sem uma cultura que valorize o desenvolvimento contínuo e aprendizado, a ferramenta é vista como algo secundário ou “extra”, em vez de uma prioridade estratégica.
Muitas empresas ainda não priorizam o desenvolvimento contínuo dos funcionários. Elas podem focar mais em resultados imediatos do que no crescimento de longo prazo, o que reduz o investimento em processos formais de PDI. Além disso, o processo requer tempo e dedicação das pessoas – o que pode concorrer com outras atividades e, por não fazer parte da cultura da empresa, ficar negligenciado. Muitas vezes, as pessoas acham que com o feedback, seja ele dentro do ciclo ou contínuo, substitui a necessidade da formalização do PDI, mas isso é um engano! Se não houver ou forem utilizadas ferramentas de check e avaliação do PDI, somente o feedback pode não ter eficácia. Algumas companhias também podem não ver claramente o retorno de investir em um processo formal de PDI, o que é uma pena, pois não é nítida a falta de conhecimento como isso contribui diretamente para o desempenho organizacional.
Circulando por grandes companhias do Brasil e de fora, sei dos inúmeros desafios e da quantidade de questões a se pensar, diariamente. Porém, é fato: utilizar o PDI para desenvolver os colaboradores é uma das formas mais assertivas para impulsionar a performance dos times e ainda valorizar o bem mais precioso da organização: o capital humano. Fazê-lo de forma estratégica é o primeiro passo para ter colaboradores mais engajados, satisfeitos e que buscam a excelência, o que é bom para o profissional e para a companhia.