Uncategorized

A barra aqui no Vale é alta! Bem alta!

Para não cair no complexo de vira-latas, é preciso focar as três vantagens que os brasileiros têm por aqui
Luciano Bueno é um empreendedor brasileiro radicado nos EUA, com experiências em consultoria, venture capital e empreendedorismo. É cofundador e CEO da Horvath Clothing Co., startup de nanotecnologia têxtil, e está a caminho de ser empreendedor serial. Participou do Shark Tank Brasil e integra a seleta lista Forbes 30 Under 30.

Compartilhar:

Viver em um lugar como o Vale do Silício tem suas vantagens, conforme comentei em minha última coluna. No entanto, o ambiente empresarial por aqui é tão competitivo que, muitas vezes, eu me esforço para não cair no complexo de vira-latas, como bem o descreveu Nelson Rodrigues.  

Aqui você é forçado a ser mais rápido, mais inteligente, mais comunicativo e, se você não acompanhar esse ritmo, será facilmente deixado para trás. No Vale, ser muito bom não é o bastante. Você precisa ser fora da curva (outstanding).

Foi aqui que eu conheci o conceito de “hacks”, que são maneiras mais eficientes de atingir um objetivo. Um exemplo clássico é o da leitura. Por aqui as pessoas costumam ler dezenas de livros ao ano e eu me perguntava como elas arranjavam tempo para tanto. Descobri que, na verdade, existem técnicas específicas de “speed reading” [leitura rápida] que te ajudam a consumir mais conteúdo em menos tempo. Trabalhar duro é essencial, mas se o trabalho duro for somado ao trabalho inteligente, você pode pular etapas e acelerar.

Com alguns hacks e bastante dedicação, o complexo de vira-latas ficou para trás e eu comecei a enxergar as vantagens de ser brasileiro aqui no Vale. A seguir, destaco três principais:

1. “Scarcity generates value”. Ouvi essa frase do grande empreendedor brasileiro Henrique Dubugras, fundador da Brex, que está desbravando águas californianas. O Brasil é bastante escasso em vários aspectos e, na verdade, isso acaba nos preparando melhor para a abundância daqui. Em outras palavras, como tudo acaba sendo muito difícil no Brasil, quando o brasileiro chega ao Vale parece que tudo é mais fácil e ele consegue aproveitar melhor as oportunidades.

2. “Non-consensus idea”. Essa eu ouvi do Scott Cook, fundador da Intuit, segundo o qual ideias absurdas, que parecem não fazer sentido em um primeiro momento, são catalisadoras das disrupções. Nosso povo é reconhecido como extremamente criativo, o que nos habilita a ter ideias absurdas. Ponto para nós.

3. “You will never get into the top of Everest with a moonshot”. Vinda do Vinod Khosla, fundador da Khosla Ventures, para os meus ouvidos, significa que ninguém nunca vai alcançar o topo se correr direto para ele. Sempre haverá desvios, percalços e caminhos tortuosos para chegar lá, realidade que conhecemos muito bem no Brasil. Somos escolados em encontrar formas de driblar as dificuldades, não? 

Como nem todos podem ou desejam morar no Vale, deixo aqui a minha provocação: crie o seu próprio Vale do Silício. Cerque-se de pessoas melhores do que você e suba continuamente sua barra. Tenho certeza de que, com essas pequenas atitudes, você vai ganhar o mundo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura