Estratégia e Execução

A renascença industrial (nos Estados Unidos)

Líderes da Siemens defendem a “manufatura virtual-real”, que customiza com eficiência

Compartilhar:

Mesmo que os indicadores variem, uma nova onda fabril está varrendo os Estados Unidos e pode dar ao país a chance de prolongar sua hegemonia econômica. Essa foi a tese defendida em um artigo dos dois principais executivos da Siemens, Eric Spiegel, CEO e presidente da Siemens Corporation, e Helmut Ludwig, CEO da Siemens Industrial USA, publicado recentemente pela revista strategy+business, ligada à firma de consultoria Strategy& (ex-Booz & Company). Os autores, embora tenham interesse em disseminar o otimismo, apontam sinalizadores do fenômeno realmente palpáveis, como as mais de cem novas plantas fabris nos EUA, entre planejadas e já em construção, a volta de uma capacidade produtiva localizada offshore (ligada a setores como aeroespacial, de eletrônicos, automobilístico, têxtil e de brinquedos), a criação de cerca de 500 mil empregos industriais de 2010 para cá. 

A base do movimento é o que eles chamam de “manufatura virtual-real”, em que o produto é primeiramente feito como uma simulação e depois fabricado. O pulo do gato é que isso torna irrelevante o tradicional trade-off entre customização e eficiência de custos. O novo cenário é composto de fábricas quase inteiramente automatizadas, repletas de robôs, computadores e lasers, onde o colaborador humano típico carrega um tablet em vez de uma chave de fenda –o analytics do big data, a impressão 3D e o monitoramento a distância são outras das tecnologias envolvidas.

A manufatura responde hoje por apenas 12% do PIB dos Estados Unidos, mas as enormes expectativas quanto ao impacto de sua virada sobre a economia se justificam, segundo os executivos da Siemens. Por exemplo, um estudo feito pelo Manufacturing Institute afirma que, a cada dólar obtido na manufatura, é gerado mais US$ 1,48 de atividade econômica, valor que cai para US$ 0,54 quando se observa o varejo. A renascença da América do Norte é encorajada, segundo Spiegel e Ludwig, pela conjunção do que seriam os dois maiores fatores de competitividade atuais, na visão dos executivos da Siemens: energia barata e custo de mão de obra equivalente ao de outras regiões. 

Em 2013, o preço do gás natural nos Estados Unidos era um terço do europeu e um quarto do asiático, e projeções como a da firma de consultoria AlixPartners indicam que os custos trabalhistas da manufatura na China subirão ao patamar norte- -americano já em 2015. No entanto, as vantagens associadas a esses dois fatores não são duradouras, podendo ser batidas por outras regiões sem grande dificuldade. Para os autores do artigo, o país deve apostar suas fichas em uma terceira vantagem que oferece, mais difícil de replicar: a velocidade para chegar ao mercado –a capacidade de consumo dos EUA seria seu maior trunfo. A cultura de inovação existente no país, as instituições de fomento à tecnologia e o bom nível educacional também contam a seu favor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura
Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura