Estratégia e Execução

Highlights da HSM Expo 2019

Nunca a ousadia humana foi tão discutida quanto nesta edição do evento, marcado pela estreia de Yuval Harari no Brasil

Compartilhar:

A humanidade já venceu grandes desafios: superou a fome natural (a causada por enchentes e fogo), as doenças epidêmicas, a guerra e a violência como regra (agora a regra é a paz). Então, pode muito bem vencer os novos desafios que se impõem, como a crise climática e a disrupção tecnológica, além da nova onda de ameaças à paz. Foi assim que, no palco principal da HSM Expo, o historiador e filósofo Yuval Harari, autor de Sapiens e Homo Deus iniciou sua palestra, pedindo aos líderes presentes ação e autoconhecimento (para não serem hackeados), e dando o tom da edição 2019 do megaevento anual de executivos organizado pela HSM. 

O tom foi confirmado por palestrantes como William Kamkwamba, nascido em Malawi, e o exemplo perfeito de quem ousa aprender e criar soluções, nas circunstâncias mais adversas. A engenhosidade humana foi saudada, assim como a preocupação com o coletivo e os projetos de longo prazo, usando a tecnologia como nossa aliada e impedindo que se torne uma ameaça. 

**a PALAVRA-CHAVE foi… AUTOCONHECIMENTO**

Jill Ader, presidente da empresa de executive search Egon Zehnder, descreveu quatro padrões do sucesso. Autoconhecimento é o primeiro. O segundo e o terceiro estão relacionados com isto: aprender a lidar com o próprio corpo – “ouse liderar com o corpo”– e ter propósito. Para definir o último, basta responder a duas perguntas: o que me energiza e as pessoas apreciam em mim? O que a vida está me pedindo? Ah, faça experimentos para responder.

**REPENSANDO LÍDERES E DISRUPÇÃO**

Charlene Li, uma das maiores especialistas em inovação da era digital, reestruturou a disrupção: ela é a consequência – não causa – da decisão de crescer. Por isso, requer movimentos de estratégia, cultura e liderança ousada, e depende muito de crenças e rituais. [A edição 139 trará entrevista exclusiva com Li.]

A liderança feminina tem tudo a ver com disrupção. Tanto que subiram ao palco líderes das big techs do Brasil, e eram todas mulheres, em um momento histórico: Ana Paula Assis (IBM), Cristina Palmaka (SAP), Monica Herrero (Stefanini) e Tânia Cosentino (Microsoft). É o nosso Vale, o do Anhangabaú, como brincou a mediadora Martha Gabriel. 

**ELIMINANDO OS ABUTRES**

Achou o título forte? Pois essa ideia de um capitalismo de rapina (vulture capitalism) já ganhou o mundo, e Eric Ries, uma referência das startups capitalistas, usou-o na HSM Expo. Ousado, Ries vem evangelizando executivos em prol de uma bolsa de valores de empresas que trabalhem para o longo prazo. “Precisamos de indicadores de crescimento futuro e de uma nova forma de corporação, que pense nas pessoas.” 

**SOBRE VOLTAS POR CIMA**

Arianna Huffington teve um burnout. “A ideia dominante de que é preciso estar sempre ligada para ter sucesso é uma ilusão.” Em 2016, vendeu seu Huffington Post e montou a startup Thrive, que tem como objetivo reduzir o risco de as empresas ignorarem o capital humano. Está ousando.

Hugh Herr teve uma perna amputada. Isso o fez aprender a se tornar um ciborgue no MIT. Hoje, com sensores ligando seus músculos ao cérebro em vez de uma prótese comum, Herr consegue escalar montanhas e andar mais rápido do que a maioria de nós. Sua startup, a BionX, trabalha com projetos de robôs vestíveis para pessoas sem deficiências – como as exobotas, que nos permitirão andar e saltar melhor. Ele está ousando, mas atento ao que disse Harari: temos de proteger a diversidade nas intervenções do tipo ciborgue, pois diversidade é a riqueza ao mundo. 

William Kamkwamba nasceu em uma vila pobre do Malawi, leste da África, e tinha 14 anos quando a região sofreu uma das piores secas da história. Isso levou o adolescente ao autodidatismo; ele procurou livros na biblioteca da escola que o ajudassem a construir moinhos para gerar energia e água para sua vila. Vinte anos atrás, foi só o primeiro de muitos desafios do tipo “aprender e resolver” que Kamkwamba se impôs. Também aprendeu a ser escritor e publicou um livro sobre essa trajetória, o que inspirou um filme que pode ser visto na Netflix (O menino que descobriu o vento). Ousado, ele mudou a própria vida, a vila onde mora e o destino dos conterrâneos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Esse ponto sensível não atinge somente grandes corporações; com o surgimento de novas ferramentas de tecnologias, a falta de profissionais qualificados e preparados alcança também as pequenas e médias empresas, ou seja, o ecossistema de empreendedorismo no país

Hilton Menezes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial Generativa (GenAI) redefine a experiência do cliente ao unir personalização em escala e empatia, transformando interações operacionais em conexões estratégicas, enquanto equilibra inovação, conformidade regulatória e humanização para gerar valor duradouro

Carla Melhado

5 min de leitura
Uncategorized
A inovação vai além das ideias: exige criatividade, execução disciplinada e captação de recursos. Com métodos estruturados, parcerias estratégicas e projetos bem elaborados, é possível transformar visões em impactos reais.

Eline Casasola

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A IA é um espelho da humanidade: reflete nossos avanços, mas também nossos vieses e falhas. Enquanto otimiza processos, expõe dilemas éticos profundos, exigindo transparência, educação e responsabilidade para que a tecnologia sirva à sociedade, e não a domine.

Átila Persici

9 min de leitura
ESG

Luiza Caixe Metzner

4 min de leitura
Finanças
A inovação em rede é essencial para impulsionar P&D e enfrentar desafios globais, como a descarbonização, mas exige estratégias claras, governança robusta e integração entre atores para superar mitos e maximizar o impacto dos investimentos em ciência e tecnologia

Clarisse Gomes

8 min de leitura
Empreendedorismo
O empreendedorismo no Brasil avança com 90 milhões de aspirantes, enquanto a advocacia se moderniza com dados e estratégias inovadoras, mostrando que sucesso exige resiliência, visão de longo prazo e preparo para as oportunidades do futuro

André Coura e Antônio Silvério Neto

5 min de leitura
ESG
A atualização da NR-1, que inclui riscos psicossociais a partir de 2025, exige uma gestão de riscos mais estratégica e integrada, abrindo oportunidades para empresas que adotarem tecnologia e prevenção como vantagem competitiva, reduzindo custos e fortalecendo a saúde organizacional.

Rodrigo Tanus

8 min de leitura
ESG
O bem-estar dos colaboradores é prioridade nas empresas pós-pandemia, com benefícios flexíveis e saúde mental no centro das estratégias para reter talentos, aumentar produtividade e reduzir turnover, enquanto o mercado de benefícios cresce globalmente.

Charles Schweitzer

5 min de leitura
Finanças
Com projeções de US$ 525 bilhões até 2030, a Creator Economy busca superar desafios como dependência de algoritmos e desigualdade na monetização, adotando ferramentas financeiras e estratégias inovadoras.

Paulo Robilloti

6 min de leitura