Estratégia e Execução

O pós-pandemia

A cadeia de fornecimento, altamente impactada pela crise, precisa ser redefinida
Edward Tse é fundador e CEO da Gao Feng Advisory Company, uma empresa de consultoria de estratégia e gestão com raízes na China.

Compartilhar:

O surto de Covid-19 causou estragos nas cadeias globais de fornecimento. Como epicentro do vírus, a China impactou operações no mundo todo, que dependiam de sua produção e de seu escoamento. Relatório recente da revista The Economist informa que a maioria das empresas multinacionais foi pega desprevenida e sofreu com o fechamento temporário de seus fornecedores sediados em território chinês.
Apesar de fábricas estarem reabrindo, a logística em torno e fora da China continuará difícil. Até mesmo a gigante da tecnologia Apple foi afetada, já que sua produção de iPhones parou porque seu maior fornecedor, a Foxconn, demorou para voltar ao trabalho durante o pico da pandemia.

Algumas multinacionais estrangeiras na China disseram que o surto aumentou sua disposição de sair do país e instalar-se em lugares como a Índia, como demonstrou pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio.
No entanto, mudanças na cadeia de fornecimento variam por negócio, setor e segmento da cadeia de valor. Enquanto empresas de setores muito dependentes de mão de obra ou com grande exposição ao mercado norte-americano já se mudaram para países com custos mais baixos antes da pandemia devido a aumentos nas tarifas e outros custos, para as empresas que veem na China um mercado essencial, mudar suas cadeias de fornecimento inteiras é difícil e pouco estratégico.

Em meio a choques externos consecutivos da guerra comercial EUA-China e com a Covid-19, muitas empresas agora lutam para implementar medidas paliativas para minimizar o impacto em suas cadeias de fornecimento. Para os CEOs globais abordarem a questão de médio e longo prazo sobre o que fazer, precisarão responder a várias perguntas fundamentais. Cito três exemplos:

1. Como os padrões de demanda global de meus produtos mudarão após a pandemia?
2. Qual será minha estratégia de mercado para lidar com as mudanças?
3. Quais as principais variáveis que podem afetar minha forma de pensar sobre novas cadeias de fornecimento? Quais os cenários possíveis e como reagir a eventos do tipo “cisne negro”?

Na China, a expectativa é que, no pós-pandemia, algumas ações já previstas ajudem a aumentar a eficiência e a eficácia das cadeias de fornecimento. Em Pequim, por exemplo, foram anunciados investimentos pesados em infraestrutura. Espera-se também uma atualização em massa de cidades inteligentes em todo o país. Isso envolverá a construção de muito mais infraestrutura de conectividade, e mais inovações surgirão como resultado.

Decidir mudar a cadeia de fornecimento de uma empresa não é algo banal. Embora os problemas de curto prazo na China devido à pandemia sejam dolorosos, pensar em estratégias de longo prazo requer deliberação cuidadosa. A extrapolação linear do passado não é suficiente: as respostas corretas precisarão vir de uma visão perceptiva do futuro.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Gestão de Pessoas
Conheça o conceito de Inteligência Cultural e compreenda os três pilares que vão te ajudar a trazer clareza e compreensão para sua comunicação interpessoal (e talvez internacional)

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
Liderança
Entenda como construir um ambiente organizacional que prioriza segurança psicológica, engajamento e o desenvolvimento genuíno das equipes.

Athila Machado

6 min de leitura
Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura
Empreendedorismo
A importância de uma cultura organizacional forte para atingir uma transformação de visão e valores reais dentro de uma empresa

Renata Baccarat

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Em meio aos mitos sobre IA no RH, empresas que proíbem seu uso enfrentam um paradoxo: funcionários já utilizam ferramentas como ChatGPT por conta própria. Casos práticos mostram que, quando bem implementada, a tecnologia revoluciona desde o onboarding até a gestão de performance.

Harold Schultz

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Diferente da avaliação anual tradicional, o modelo de feedback contínuo permite um fluxo constante de comunicação entre líderes e colaboradores, fortalecendo o aprendizado, o alinhamento de metas e a resposta rápida a mudanças.

Maria Augusta Orofino

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial, impulsionada pelo uso massivo e acessível, avança exponencialmente, destacando-se como uma ferramenta inclusiva e transformadora para o futuro da gestão de pessoas e dos negócios

Marcelo Nóbrega

4 min de leitura
Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura